A revolução

O juiz mexicano Marco Antonio Rodriguez ainda não havia apitado o final da partida no Mineirão e as entranhas do futebol brasileiro já estavam em ebulição.
A seleção da Alemanha tocava a bola de um lado para o outro, aguardando o final do jogo mas movimentos sísmicos indicavam que nada seria como antes no futebol brasileiro.
O futebol penta campeão acabara de ser humilhado diante de sua torcida, no seu país, com transmissão para dezenas de países.
Pior, não foi uma derrota qualquer.
O 7×1, acachapante, poderia trazer de volta o temido “complexo de vira-latas”, tão bem analisado pelo saudoso Nelson Rodrigues.
O grande Nelson vaticinara que havíamos nos livrado dele no bicampeonato na Suécia.
E agora?


O governo federal, para surpresa geral, agiu rápido.
Embora a Confederação Brasileira de Futebol seja, para todos os efeitos, uma entidade privada, durante a noite e madrugada, a movimentação foi intensa.
O dia seguinte ao massacre alemão iniciou com a chegada de presidentes de todas as federações à suntuosa sede da entidade no Rio.
A esse grupo somou-se autoridades do governo, Ministério do Esporte, etc.
Mas ao longo do dia outros personagens – esses, do ramo – foram chegando.
Dirigentes de grandes clubes, ex-jogadores consagrados, com carreiras como gestores de futebol no Brasil e no exterior.
Jogadores da chamada “velha guarda”, como Evaristo de Macedo, o ex-técnico Rubens Minelli e outros.
Apesar do esforço dos repórteres, a única coisa que se sabia é que haveria mudanças.
E as reuniões prosseguiam.


Um dia, dois, três, quatro dias e finalmente, no domingo – o jogo, vocês lembram, foi numa terça-feira – saiu o anúncio das mudanças.
Na sede da CBF, com grande pompa e circunstância, com transmissão para todos.
A medida mais bombástica foi o anúncio de que, a partir daquela data, só jogadores que atuassem em território nacional seriam convocados.
O impacto do anúncio ainda ecoava e outros se sucediam: proibição de negociação de jogadores abaixo dos 18 anos para times estrangeiros; os técnicos das categorias de base da CBF seriam nomes consagrados, ex-técnicos que inclusive tinham sido sido treinadores da seleção principal; os campeonatos e torneios dessas categorias passariam a ter atenção total da CBF; seria instituído um programa nacional de “olheiros”, com a participação e colaboração de gente experiente na prospecção de talentos; empresários que atuavam no meio do futebol teriam que apresentar farta documentação à Receita Federal; o quadro de árbitros passaria por total renovação; a CBF, através de uma equipe montada para esse fim, acompanharia de perto as negociações de patrocínio, etc.

Os resultados demoraram um pouco, mas começaram a surgir.
Sem a presença de “medalhões” importados, a primeira convocação deu chance a vários jogadores que nunca haviam vestido a amarelinha.
Num efeito cascata, as torcidas, que voltaram a ter a oportunidade de ir aos estádios ver jogadores da seleção jogando por seus times, apoiaram.
O Brasil se classificou em primeiro lugar nas Eliminatórias, sem sofrer derrotas.
A conquista da Copa do Mundo em 2018 mostrou o resultado de um trabalho sério e que poderia render ainda mais.
O tão desejado hexa chegou!

O bom trabalho feito na base, com gente séria e comprometida, conhecedora do ramo, foi decisivo.
Nos clubes, sem a praga dos empresários dando as cartas, jogadores descobertos nas peneiras Brasil afora começaram a brilhar.
Todo o processo de descoberta de talentos foi repaginado.
O que importava agora era ter talento e garra.
Consequentemente, o Brasil começou a acumular títulos mundiais nas categorias de base, desde o Sub-17.
Obedecendo a uma lógica, a seleção passou a ser montada tendo por base os times melhores posicionados no ranking da CBF, acrescidos de destaques e revelações.

Nossa seleção chegaria ao hepta na Copa do Mundo de 2022, com uma campanha brilhante.
Vitórias incontestáveis, desde a estreia, culminando com uma vitória definitiva sobre a França, por 3×0.
Como destaques do elenco, jogadores destaques do Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG, melhores do ranking brasileiro da temporada anterior, outros que brilharam nos títulos das categorias de base, conduzidos com maestria pela comissão técnica, formada por um colegiado.
Apesar do bombardeio incessante dos empresários, que viram a galinha dos ovos de ouro ir embora e de parte da mídia, inconformada com o fim de benesses e privilégios do contexto anterior, nossa seleção brilhava novamente.
Nossa seleção ressurgia, mas precisamos descer ao inferno e humilhação dos 7×1 para ressurgir como uma fênix!

Abaixo o marasmo na reta final!

Depois de várias edições com relativa tranquilidade na definição do campeão e da turma rebaixada, esse ano os deuses do futebol resolveram dar uma apimentada na reta final do Brasileirão.

Ontem, o Botafogo, que chegou a ter 13 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, sofreu uma derrota de virada – a segunda – dessa vez para o Grêmio.
Além do risco de perder a liderança, o time alvinegro demonstrou passar por um momento de forte instabilidade emocional.
Afinal, o time abriu o placar aos 5 minutos, com Diego Costa. O Grêmio empatou, mas sofreu o segundo gol e no início do segundo tempo, o terceiro.

O placar de 3×1, contudo, era enganoso.
Falhas sucessivas e algumas até infantis permitiram ao atacante Suarez, em grande noite, marcar três vezes, virar o jogo, calar a torcida do Botafogo e azedar de vez o ambiente alvinegro.

Mesmo com a derrota, o Botafogo continua líder.
Mas a situação não é mais tranquila. Ontem, após o jogo, houve confronto da torcida com a PM, dentro e fora do estádio.
A situação, embora tensa, não é desesperadora.
Afinal, o time tem um jogo a menos que os principais rivais e sua tabela não é das mais difíceis.
Domingo, enfrenta no domingo o Bragantino fora, num jogo que pode ser a pá de cal nas suas pretensões.
A seguir, em casa, o Santos, que vem demonstrando força para fugir do Z4.
Vai à Curitiba enfrentar o Curitiba, que à essa altura já deverá estar rebaixado.
Depois, em casa, o Cruzeiro, outro desesperado na turma de baixo.
Na última rodada, fora, enfrenta o Internacional.
Lembrando que ainda tem um jogo contra o Fortaleza.

Não é impossível retomar o caminho do título.
Mas o time precisa, primeiro, juntar os cacos e apresentar um mínimo de solidez mental.
Nas últimas derrotas, ficou nítida a falta de um líder dentro de campo, de uma referência, ainda que não na parte técnica, mas como alguém para acalmar os ânimos e dar uma sacudida no elenco.
Voltarei ao assunto.

Tensão alvinegra

A rodada começou boa para o Botafogo.
O Flamengo, um dos rivais na luta pelo título, sofreu uma derrota inesperada para o Santos, lá em Brasília.
Uma vitória sobre o Palmeiras, vice-líder, representaria abrir nove pontos de vantagem.
Como o Fogão ainda tem oito jogos a cumprir – um a menos que o Palmeiras – isso garantiria uma vantagem razoável.

E o time alvinegro começou muito bem.
Rápido, avassalador, com troca de passes velozes, envolveu o time paulista.
Já havia criado boas chances, com Tchê Tchê e Tiquinho e aos 20 abriria o placar, num chute de Eduardo, que desviou e tirou do goleiro do Palmeiras qualquer chance.
Com a vantagem no placar, o Botafogo não diminuiu o ritmo e nove minutos depois, chegou ao 2×0, num chute de Tchê Tchê.
O Palmeiras, anestesiado, apenas assistia.
Antes do final do primeiro tempo, o 3×0 se materializou quando Weverton rebateu um chute cruzado de Tiquinho.
Junior Santos, livre, apenas rolou para o gol vazio.

O placar era o melhor dos mundos para o Botafogo.
Abriria nove pontos de vantagem, consolidaria sua posição e jogava bem, sem encontrar resistência do Palmeiras.
Mas o segundo tempo seria diferente.

O elenco do Palmeiras certamente ouviu poucas e boas do seu treinador no vestiário.
E voltou mordido.
Logo no início, Endrick fez o primeiro do alviverde.
O jogo inverteu e o Botafogo do primeiro tempo, agressivo e impetuoso, estava acovardado e tímido, acuado na sua defesa.
O Palmeiras continuava atacando, mas teria que descontar dois gols para empatar.
Fez um gol aos 15″ mas Breno Lopes estava impedido.

Na reta final do segundo tempo, dois lances que decidiram o jogo.
Primeiro, um lance polêmico que certamente renderá discussões.
Num contra-ataque veloz, Adryelson entrou firme numa dividida para parar Breno.
Muitos juízes nem falta dariam, mas o VAR – sempre ele – chamou o árbitro e recebeu cartão vermelho.
Logo a seguir, pênalti para o Botafogo, com Tiquinho, num contra-ataque avassalador, sendo derrubado dentro da área.
Se Tiquinho marcasse, certamente jogaria um balde de água gelada no Palmeiras.
Ele perdeu e inflamou o Palmeiras e deu uma desanimada no Botafogo.
Embora faltassem pouco mais de quinze minutos, mais acréscimos, e com a vantagem de dois gols, o time carioca não soube administrar isso.
Recuou demais, chamou o Palmeiras para o seu campo e o resultado não poderia ser outro.

Sem Adryelson comandando a zaga, seguiram-se gols infantis.
Aos 39′, novamente Endrick, num belo chute de canhota, marcou o segundo gol.
Logo depois, Flaco Lopez empatou.
A torcida do Botafogo, atônita, assistia sem acreditar.
Uma defesa perdida, que apenas assistia ao time adversário jogar, sem oferecer reação.
A virada parecia iminente e aconteceu nos acréscimos.
Cobrança de falta pela esquerda, com Raphael Veiga cruzando para Murilo subir absolutamente livre, sem marcação, apenas escorando para marcar a virada.

Uma noite doída para os alvinegros, uma noite de alegria para os palmeirenses.
Após a segunda derrota consecutiva, os temores que o time alvinegro perca um título que parecia ganho aumentaram.
Na próxima rodada, enfrenta um Vasco brigando com todas as forças para sair do risco de rebaixamento e vai com o time desfalcado.
Na rodada seguinte, enfrenta o Grêmio, em casa.
Depois, dois jogos fora de casa: o Bragantino, com o time paulista com dois jogos a menos e ainda de olho numa arrancada e o Fortaleza.
Volta ao Engenhão para enfrentar o Santos, que pode estar no desespero contra a queda e não nos esquecemos da operação “Salvem o Santos”.
Depois, um jogo teoricamente fácil, contra o Coritiba.
Na penúltima rodada, pega o Cruzeiro em casa.
E finaliza contra o Internacional, lá no Beira-Rio.
Não é uma sequência fácil.

O grande problema é o clima causado por uma derrota como a de ontem.
Um início avassalador, três gols marcados e a impressão que golearia o vice-líder.
Tudo ruiu no segundo tempo, com o time demonstrando perder o foco nos momentos decisivos, uma defesa que mostrou ser muito dependente da liderança de Adryelson e o abalo nítido quando Tiquinho perdeu o pênalti.
Bom lembrar que ele perdeu o pênalti aos 30″ e o time ainda tinha dois gols de diferença a favor.
São acertos necessários a se fazer no time.
Mas corrigirão a tempo?


Empate melancólico

Após a goleada do jogo de estreia, veio a vitória magra. E na quinta-feira, o empate melancólico, diante da Venezuela.

Com 7 pontos, o torcedor brasileiro viu a seleção Argentina assumir a liderança das Eliminatórias, após a vitória sobre o Paraguai.

Na realidade, com o aumento de vagas para a Conmebol, conquistar e/ou manter a liderança é um detalhe, só isso. A questão preocupante é outra.

Um desempenho mediano contra uma seleção que só havia conquistado 3 pontos e tem zero de saldo de gols.

Pior, há tempos que nossa seleção insiste nos nomes de sempre, já testados, que não corresponderam, mas sempre recebem mais uma oportunidade. E mais uma, e outra e outra.

Quando Fernando Diniz assumiu, parte da torcida acreditou em mudança, revolução, convocação de nomes novos, quebra do esquema de lugar cativo para alguns e detonariam as “vacas sagradas”.

Ledo engano.

A turma da janela continua e as vacas sagradas estão mais sagradas que nunca.

2024 promissor

O presidente da Lusa, Marcelo Barros, e o gestor de futebol do Olaria, Cadinho

O próximo ano promete boas novidades para o futebol carioca. Para além da enfadonha tarefa de acompanhar só os quatro grandes, o torcedor que gosta de futebol terá outras opções.


Na série A do Carioca, teremos a estreia de um clube de fora da região metropolitana, o Sampaio Corrêa, de Saquarema, na Região dos Lagos.

Muita gente que cobre o futebol carioca torce o nariz para isso. Para esses, todos os jogos deveriam ser só na “arena” Maracanã, nas cabines com ar gelado, wi-fi e salgadinhos à vontade.

Essa turma admite, no máximo, o Engenhão e, vá lá, o Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. Que seja bem-vindo o Galinho da Serra!

E a nível nacional, duas gratas surpresas.

A Associação Atlética Portuguesa e o Olaria Atlético Clube, finalistas da Copa Rio 2023, num gesto de inteligência, fecharam um acordo de cavalheiros, definindo as vagas para as competições nacionais.

A Portuguesa-RJ ficará com a vaga no Brasileirão Série D 2024 enquanto o Olaria jogará a Copa do Brasil 2024, independente de quem será campeão.

Mais dois clubes do Rio para acompanhar e torcer.

O primeiro jogo da final, na Rua Bariri, terminou empatado (2×2) e segundo jogo será no sábado, dia 14, às 16h, no Estádio Luso-Brasileiro.

Um clássico da Zona Norte do Rio de Janeiro, com certeza de casa cheia nos dois jogos.

Um grande campeão

A inédita Copa do Brasil, conquistada pelo São Paulo, teve vários componentes dramáticos, alguns até espetaculares.

A começar pela ironia do destino, que pôs frente a frente, o técnico Dorival Junior e o clube que o dispensou após suas últimas conquistas.

Outro fator, lembrado pelo técnico do São Paulo na coletiva, foi a forma como o time paulista foi tratado por parte da mídia esportiva antes do primeiro jogo decisivo. Houve comentarista afirmando que o tricolor paulista seria “atropelado no Maracanã pelo Flamengo”.

Mais um elemento de superação: após o jogo, o centroavante argentino Calleri revelou que há seis meses vem jogando no sacrifício, sofrendo com uma lesão. Agora vai parar, se submeter a cirurgia e provavelmente só retorna ano que vem.

A partida decisiva, por si, não foi um jogo bonito.

Com a vantagem em mãos, o dono da casa tentava fazer o tempo passar e conseguia, apesar de uma certa sonolência de alguns jogadores.

Acabou acordando com o gol de Bruno Henrique, no final do primeiro tempo. A torcida do Flamengo ainda comemorava quando Rodrigo Nestor acertou um míssil de fora de área, empatando o jogo.

Sob um calor insuportável, o segundo tempo mostrou um desgaste acentuado das equipes. Alguns jogadores, como Calleri e Gerson, davam sinais evidentes de exaustão.

O São Paulo segurou o ímpeto do time rubro-negro, sobretudo na reta final e conquistou o merecido título.

Ao Flamengo, mais um vice e combustível para a crise que incendeia a Gávea. Já há, entre a torcida e comentaristas, que tema pela classificação para a Libertadores.

O elo fraco da corrente

No Brasileirão de 2011, o meu Vasco foi ruidosamente garfado nos dois jogos contra o Flamengo, por obra e graça de um árbitro chamado Péricles Bassols.

Dois pênaltis óbvios, evidentes, um em cada jogo. Mas foram ignorados pelo “homem de preto”.

Como ambos os jogos terminaram empatados, o Vasco perdeu quatro pontos. Ao final do campeonato, o Vasco perderia o título por uma diferença de dois pontos.

Um erro humano que custou um título, premiações, relevância, etc.

Aí veio o VAR, apontado por todos como a implementação da justiça no mundo aleatório do futebol. Seria o fim dos erros grosseiros, dos casuísmos, das interpretações equivocadas. Ledo engano.

Ontem, no empate entre Corinthians x Grêmio, no final do jogo, ocorreu um dos pênaltis mais escandalosos dos últimos tempos.

O chute do atacante do Grêmio é claramente interceptado pelo braço do jogador Yuri Alberto. Pela regra atual, bola bateu no braço, é pênalti.

Caso o pênalti fosse marcado, talvez o Grêmio vencesse – o jogo terminou empatado em 4×4 – e o Corinthians estaria mais complicado.

Mas hoje a imprensa apresentou as desculpas surradas da comissão de arbitragem e da famosa sala do VAR. Talvez porque o erro atingiu um gigante, todos os envolvidos (VAR e árbitros)foram afastados.M

Mas como é praxe, em breve estarão de volta. Quem sabe recebam até o privilégio de apitar uma final de campeonato.

E assim, o futebol, que cada vez mais movimenta milhões de reais, com salários astronômicos, contratos publicitários milionários, estruturas gigantescas de negócios, continua à mercê do “homem de preto”.

A diferença é que agora, ele conta com a “ajuda” do VAR. Ao invés de um, são dois a errar.

Existe um axioma em administração que ensina que uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco.

Atualmente, os árbitros são o elo mais fraco.

A vitória da eficiência

A vitória do Vasco sobre o Fluminense pode ser traduzida assim: o goleiro do Vasco trabalhou – e muito – para impedir um gol do tricolor. Já o goleiro Fábio viu poucos arremates ao seu gol, mas todas entraram.

Sendo bem sincero, quando o Vasco fez o terceiro gol, desempatando o jogo, o Fluminense estava melhor. Mas num contra-ataque vascaíno, Pec recebeu um presente da zaga.

O Fluminense então partiu para tentar empatar o jogo pela terceira vez, mas levou um balde de água fria com outro gol de Pec.

Uma grande vitória vascaína, numa bela tarde de sábado, com Engenhão lotado, sua torcida apoiando e prenúncio de dias melhores à frente.

Que assim seja!

O eterno “menino” Ney

No jogo entre Brasil x Bolívia, pelas eliminatórias da Copa 2026, Neymar superou a marca de Pelé, como maior artilheiro do Brasil em jogos oficiais.

Embora exista discordância entre os números da FIFA e da CBF – Neymar superou Pelé nos números da FIFA – é um feito notável.

Nos dias após o jogo, li absurdos da turma de sempre, os “parças” de Neymar, que proliferam como moscas na imprensa.

Em tudo, o equilíbrio e a sensatez deveriam ser a regra, mas não é. Para os extremistas, Neymar é um mimizento, mimado, que vive simulando sofrer faltas inexistentes. Para outros, é o maior craque brasileiro de todos os tempos, pois é, sem dúvida, o mais bem sucedido da história, financeiramente falando.

A história de Neymar renderia um bom filme. Apontado desde cedo como o sucessor de Pelé, foi o protagonista da grande conquista, pelo Santos, do último Brasileirão antes do formato de pontos corridos. Robinho e Diego eram os coadjuvantes.

Sua ida para a Europa, com muitos vasculhando sua vida pessoal, seus namoros, a eterna expectativa da torcida brasileira, tudo isso somado a uma ascensão midiática absurda, exige uma personalidade de ferro.

A Copa de 2014, realizada no Brasil, era aguardada como a coroação de sua carreira, com a conquista do título em casa, diante da torcida brasileira. A covarde agressão do colombiano Zuniga, nas oitavas, além de tura-lo da Copa, nitidamente desfalcou e abalou o time brasileiro.

Seríamos campeões com Neymar em campo? Jamais saberemos.

Voltando ao presente, Neymar divide torcedores. Apesar do carinho dedicado a ele no Mangueirão , em Belém, no dia seguinte ao jogo as redes sociais estampacam postagens dele com um patético “contra tudo e contra todos”.

Partindo de um sujeito de 31 anos, milionário, que deveria estar de bem com a vida, apenas revela que ele continua sendo um menino.

A maturidade chegará algum dia?

Brasil x Bolívia

A torcida fez a parte dela. Aliás, se tem algo do qual a seleção brasileira jamais pode se queixar é da falta de apoio.

Mesmo em fases de baixa, a torcida apóia e lota estádios. Pena que passada a fase de eliminatórias, a CBF comece os amistosos caça-níqueis em lugares como Londres, Dubai, etc.

Outra atração, claro, era a expectativa positiva quanto ao primeiro jogo sob o comando do técnico Fernando Diniz.

A Bolívia veio preparada para se retrancar e apostar num contra-ataque. Mas para compreender o poderio da Bolívia, basta dizer ela tem como um dos principais nomes Marcelo Moreno. Sim, ele mesmo, aquele que estava no Cruzeiro há pouco tempo atrás, disputando a série B.

O Brasil começou pressionando e teve um pênalti a seu favor, que o bom goleiro boliviano defendeu. Aliás, com uma bela atuação, pois defendeu uma cabeçada certeira de Richarlyson.

Mas a avalanche de gols não demoraria. Rodrigo (2), Neymar (2) e Rafinha marcariam os gols que garantiram os primeiros 3 pontos da seleção nas eliminatórias e a liderança geral, pelo saldo de gols.

Neymar, ao marcar o primeiro gol, superou Pelé e chegou ao posto de maior artilheiro da seleção em jogos oficiais, com 78 gols diante de 77 do eterno Rei do futebol.

A nota preocupante do jogo foi o gol sofrido pela seleção. Diante do elenco mais fraco das eliminatórias, nossa defesa apenas observou o atacante Ábrego avançou sozinho no ataque, superou a marcação e bateu forte, da entrada da área e fez o gol de honra do time boliviano.

Na transmissão, ficou nítida a cara de preocupação do técnico Fernando Diniz com o lance. De fato, se contra a Bolivia5levamos um gol de forma tão passiva, como será contra adversários mais fortes?

Dito isso, a seleção venceu bem, já arranca na liderança e agora, é aguardar o próximo jogo, contra o Peru, em Lima.